Restaurantes

Mesmo caríssimas, as trufas brancas já chegaram ao Come Prima

Estamos em plena época e parece que este ano as célebres trufas brancas do Piemonte estão bastante caras, a cerca de oito mil euros o quilo. Quem o revela é Tanka Sapkota (na foto acima), mas a verdade é que isso não o impediu de mais uma vez promover no seu restaurante Come Prima, em Lisboa, a partir de hoje e até 4 de Dezembro, um menu a elas dedicado, tal como tem feito desde 2007. Segundo o mesmo responsável, com agravamento da pandemia ou sem ele, com crise económica ou sem ela, é enorme a procura por parte dos clientes, que não querem perder os aromas únicos da trufa branca em pratos simples, que, no entanto, podem custar entre 35 € e 50€ cada.

O Come Prima fez uma apresentação à Comunicação Social e eu recordei com Tanka Sapkota quando, lá para 2006 ou 2007, ele me telefonou para a redacção do Diário de Notícias, onde então eu trabalhava, a dizer que tinha um restaurante em Lisboa, que tinha bons contactos com fornecedores italianos e que estava a pensar servir pratos com trufa branca piemontesa. Sabendo que eu costumava acompanhar os poucos restaurantes lisboetas que então a serviam (se bem me lembro, eram só o Eleven, o Gemelli, o Hotel da Lapa e o Ritz Four Seasons), queria saber se eu achava que havia clientes na cidade para tão precioso produto.

Não nos conhecíamos pessoalmente e eu limitei-me a dizer-lhe quais os restaurantes que sabia que as serviam em Lisboa e que me parecia que tinham boa procura. Nunca gosto de dar conselhos e ainda bem que não o fiz na altura, porque quando pensei no discreto Come Prima , escondido numa estreita rua junto à Av. Infante Santo (tinha conhecido o espaço quando ainda se chamava Casa Gialla, devido às paredes amarelas), a competir com os restaurantes mencionados, achei que Tanka Sapkota se ia espalhar ao comprido. Ora qual não foi o meu espanto quando, uns dois ou três anos depois, começo a ouvir de diversos apreciadores portugueses, gastronomicamente cultos e viajados, que não perdiam a época das trufas brancas no Come Prima…. Foi mais uma prova que nisto de restaurantes eu não percebia nada sobre o que teria ou não êxito. E continuo a não perceber.

Tajarin com trufas brancas

Voltando ao Outono de 2021, lá estive no Come Prima a provar, sempre com trufas servidas na altura pelo próprio Tanka Sapkota, o ovo biológico cozido a 64ºC (custa 34,9 € e deve ser pedido com antecedência de uma hora), o tajarin, massa fina tipo “cabelos de anjo” (41,5€) e os escalopes de vitela fritos em manteiga, com cogumelos (49,9€). No cardápio da trufa branca há ainda uma entrada a 34,9 € de ovos biológicos mexidos com manteiga e pão torrado (caseiro, usando trigo que Tanka Sapkota está a cultivar numa propriedade que adquiriu recentemente em Mafra), um risoto com parmesão DOP (41.9€) e ravioli com recheio de ricotta e queijo fontina com manteiga e parmesão (41,9€).  De referir ainda que os jantares serão animados pelo músico italiano Donatello Brida, na voz e acordeão.

De origem nepalesa, com passagem pela Alemanha antes de se radicar em Portugal há cerca de 20 anos, falando fluentemente português, Tanka Sapkota é também responsável pelo recentemente renovado Casa Nepalesa, pela pizzeria Forno D’Oro e pelo Il Mercato, no Pátio Bagatella, todos em Lisboa. Sempre muito dinâmico, avisa que tem novos projectos em mente. Algo me diz que o mais provável é que terão tanto êxito quanto os anteriores.

A sala do Come Prima

Come Prima

Rua do Olival, 258, Lisboa

Tel. 213 902 457

Menu trufas brancas: só jantar, de 24 de Novembro a 4 de Dezembro

Fecha ao domingo

Fotografia de abertura: Jorge Simão

Nasceu em Lisboa em 1963. Licenciou-se em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa e trabalhou em diversos jornais (Semanário, Diário Popular e Diário de Lisboa) e, depois, na área de comunicação empresarial. Em 1997, começou a colaborar com a revista “Fortuna” na área de gastronomia e vinhos. Em 1999, criou a página “Boa Vida” para o “Diário de Notícias”, que coordenou até Janeiro de 2009, com algumas interrupções. Entre 2007 e 2019, foi coordenador do Projecto Gastronomia da Associação de Turismo de Lisboa e, nesse âmbito, director do festival gastronómico Peixe em Lisboa, continuando a escrever artigos sobre gastronomia e restaurantes em várias publicações.

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