Os rosés querem-se novos e frescos para beber à beira da piscina, diz o ditado – talvez o chavão mais palerma que conheço para definir um tipo de vinhos. Porém, no mundo sereno do produtor de Rioja, Lopéz de Heredia, o Viña Tondonia Gran Reserva Rosado, tal como os seus tintos e brancos, só sai para o mercado depois de um estágio prolongado, neste caso, após quatro anos e meio em barrica e (pelo menos) outros tantos em garrafa. É considerado um dos grandes vinhos do mundo e um dos raros rosés com grande tempo de envelhecimento.
Faz um ano, por estes dias, estava em San Sebastian e tentara comprar uma destas garrafa numa loja do centro da cidade. Bebera antes o 2008, em duas ocasiões, no Nerua e no Mugaritz, e tinha ficado impressionado com a complexidade, a subtileza e elegância deste rosé com uma década.
Entrei então nessa loja do Casco Viejo, cuja montra dava bons indícios. O dono veio ter comigo e eu disse logo ao que vinha. Olhou para mim com um ar desconfiado e abanou a cabeça. Não tinha. Ficámos à conversa, a tirar nabos da púcara, e quando ele viu que o meu nível de ansiedade baixara, lá me confessou que o produtor lhe tinha consignado uma caixa e que ele estava a guardar uma garrafa para os melhores clientes. Todavia, apesar da minha entrada de pés juntos, o senhor tinha gostado da nossa conversa e estava na disposição de ceder-me uma garrafa (custava uns 60€, creio), mas com uma condição: eu tinha de comprar, no mínimo, outros dois vinhos diferentes de valor idêntico. Sorri, não levei a mal, mas disse-lhe, “não, obrigado”.
No fim-de-semana passado, o meu amigo @gutophilipp levou uma dessas raridades para um retiro espiritual, de “comes, bebes e crianças”, que fizemos em Estremoz e partilhou-a, entre costeletas e molejas de borrego, gritos, baba, ranho e picadelas de abelhas. Soube-me maravilhosamente bem, mesmo num contexto semi-caótico. Não sei se ele teve de entrar num esquema do género para a conseguir. Mas se o fez, ainda bem!
Viña Tondónia, em Haro (Rioja Alta), durante o Inverno
O Viña Tondonia Gran Reserva Rosado 2010 é elaborado com as castas típicas da região, cuja vinha original, situada em Haro, na Rioja Alta, foi plantada em 1913. Entram na sua composição, Garnacho, Tempranillo (tintas) e uma pequena percentagem de Viura (branca). Desta colheita de 2010 foram produzidas 14 000 garrafas que são regateadas por lojas, restaurantes e enófilos de todo o mundo. Segundo o site Wine Searcher, encontra-se à venda em Portugal, na Garrafeira Estado d’Alma, em Lisboa, e custa 55€.
Esta secção é composta por posts publicados (ou adaptados de publicações) na conta do Instagram do autor (@migpires), ou na do Mesa Marcada (@mesamarcada_oficial) e poderão conter imagens devidamente assinaladas de outras fontes.
Os rosés querem-se novos e frescos para beber à beira da piscina, diz o ditado – talvez o chavão mais palerma que conheço para definir um tipo de vinhos. Porém, no mundo sereno do produtor de Rioja, Lopéz de Heredia, o Viña Tondonia Gran Reserva Rosado, tal como os seus tintos e brancos, só sai para o mercado depois de um estágio prolongado, neste caso, após quatro anos e meio em barrica e (pelo menos) outros tantos em garrafa. É considerado um dos grandes vinhos do mundo e um dos raros rosés com grande tempo de envelhecimento.
Faz um ano, por estes dias, estava em San Sebastian e tentara comprar uma destas garrafa numa loja do centro da cidade. Bebera antes o 2008, em duas ocasiões, no Nerua e no Mugaritz, e tinha ficado impressionado com a complexidade, a subtileza e elegância deste rosé com uma década.
Entrei então nessa loja do Casco Viejo, cuja montra dava bons indícios. O dono veio ter comigo e eu disse logo ao que vinha. Olhou para mim com um ar desconfiado e abanou a cabeça. Não tinha. Ficámos à conversa, a tirar nabos da púcara, e quando ele viu que o meu nível de ansiedade baixara, lá me confessou que o produtor lhe tinha consignado uma caixa e que ele estava a guardar uma garrafa para os melhores clientes. Todavia, apesar da minha entrada de pés juntos, o senhor tinha gostado da nossa conversa e estava na disposição de ceder-me uma garrafa (custava uns 60€, creio), mas com uma condição: eu tinha de comprar, no mínimo, outros dois vinhos diferentes de valor idêntico. Sorri, não levei a mal, mas disse-lhe, “não, obrigado”.
No fim-de-semana passado, o meu amigo @gutophilipp levou uma dessas raridades para um retiro espiritual, de “comes, bebes e crianças”, que fizemos em Estremoz e partilhou-a, entre costeletas e molejas de borrego, gritos, baba, ranho e picadelas de abelhas. Soube-me maravilhosamente bem, mesmo num contexto semi-caótico. Não sei se ele teve de entrar num esquema do género para a conseguir. Mas se o fez, ainda bem!
O Viña Tondonia Gran Reserva Rosado 2010 é elaborado com as castas típicas da região, cuja vinha original, situada em Haro, na Rioja Alta, foi plantada em 1913. Entram na sua composição, Garnacho, Tempranillo (tintas) e uma pequena percentagem de Viura (branca). Desta colheita de 2010 foram produzidas 14 000 garrafas que são regateadas por lojas, restaurantes e enófilos de todo o mundo. Segundo o site Wine Searcher, encontra-se à venda em Portugal, na Garrafeira Estado d’Alma, em Lisboa, e custa 55€.
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