Levou sete anos para que a hegemonia peruana fosse interrompida. Ontem, na premiação dos Latin America’s 50 Best Restaurants 2020 — que este ano ocorreu online por conta da pandemia, depois da versão mundial ter sido cancelada — foi a vez da Argentina conquistar o primeiro lugar no pódio, com o restaurante Don Julio, em Buenos Aires, do restaurateur e empresário Pablo Rivero.
Ao unir a tradição da parrilla argentina (seus cortes, suas carnes e suas técnicas) com a hospitalidade digna de um restaurante Michelin, o restaurante localizado no bairro de Palermo tem conquistado maior projecção no cenário gastronómico, o que culminou com o seu reconhecimento como o melhor do continente.
Soma-se a isso uma garrafeira invejável, com alguns rótulos somente encontrados na Europa, e uma preocupação legítima com a sustentabilidade animal — no caso, as vacas das raças Aberdeen Angus e Hereford que são criadas em pastagens verdes na Patagónia, cujas carnes são servida em sua (quase) totalidade nas receitas “do focinho-ao-rabo” do chef Guido Tassi.
O “efeito Argentina” colocou mais um nome, o Mishiguene, restaurante de raiz judaica do chef Tomas Kailka, também em Buenos Aires, entre os dez melhores, na oitava posição. Há três anos o país não tinha outro restaurante no top 10. Outras dez casas do país entraram na lista dos 50, a melhor representação argentina de sempre.
Mas a presença peruana se manteve no top 3, com os constantes Maido (do chef Mitsuharu Tsumura) e Central (do casal Pía León e Virgílio Martinez), na segunda e terceira posição, respectivamente. Há seis edições, os dois restaurantes da capital Lima se revezaram em primeiro lugar no ranking. Em 2013, primeiro ano da lista latino-americana, outro peruano, o Astrid y Gastón, do celebrado chef Gastón Acurio, foi quem inaugurou a lista como primeiro colocado. 2020 foi a primeira vez que um restaurante peruano não recebe o mais alto galardão do guia.
O país segue como o mais presente no ranking, com 11 restaurantes reconhecidos, seguido por México e Brasil, com 9 casas cada um. O último viu muito de seus restaurantes subirem posições, como foi o caso do Mocotó, Manu, Evvai, Lasai, Oteque e A Casa do Porco, que conquistou o quarto lugar da lista e é o restaurante brasileiro melhor colocado. D.O.M., de Alex Atala, e Maní, da chef Helena Rizzo, perderam posições (3 e 5, respectivamente), em relação à lista do ano passado. O Corrutela, do chef César Costa, em São Paulo, estreou no 50º lugar.
A festa brasileira deu-se na casa do casal Jefferson e Janaína Rueda, reconhecida este ano pelo prémio Ícone da América Latina, um dos maiores reconhecimentos dos 50 Best. No apartamento onde vivem no Centro de São Paulo, receberam outros chefs colegas, como Helena Rizzo, Felipe Schaedler (Banzeiro) e Thiago Bañares (Tan Tan) para prestigiar a premiação, com direito à roda de samba, coquetéis e o famoso picadinho de Janaína no menu.
À porta, os pouco mais de 20 convidados tiveram que fazer teste à Covid-19 para entrar e assistir à cerimónia, que teve um dos melhores desempenhos para o Brasil nos últimos anos. “O bloco brasileiro está forte, e estamos a andar juntos para conquistar nosso espaço”, disse o chef Jefferson Rueda. “Sinto que aqui na América Latina também torcemos muito uns pelos outros, independente dos países, isso nos dá mais força”.
Aos poucos, o mapa gastronómico latino-americano tem se diversificado, ao colocar na lista restaurantes de cidades menores ou menos “turísticas”, como Guatemala e Monterrey (México), Cartagena (Colómbia), Cusco (Peru) e Curitiba (Brasil). Uma prova de que o continente ainda tem muito a mostrar no prato.
Don Julio, em Buenos Aires, o novo Nº1 da lista 50 Best América Latina
O casal Jefferson e Janaina Rueda, da Casa do Porco e Bar da Dona Onça com Elena Rizzo, do Mani (ao centro), todos de São Paulo
Menu da Casa do Porco
Prémios e reconhecimentos especiais
Uma das grandes novidades da cerimónia neste ano foi a iniciativa “El Espíritu de América Latina”, que reconheceu restaurantes que tiveram acções positivas em suas comunidades locais durante a pandemia.
Escolha dos Chefs — Leonor Spinoza (Colómbia)
Melhor Chef Feminina — Narda Lepes (Argentina)
Melhor Chef Pasteleiro — Sofia Cortina (México)
One to Watch — Fauna (México)
Ícone da América Latina — Janaina Rueda (Brasil)
A lista dos 50 melhores:
1. Don Julio (Buenos Aires, Argentina)
2. Maido (Lima, Peru)
3. Central (Lima, Peru)
4.Casa do Porco (São Paulo, Brasil)
5. Pujol (Cidade do México, México)
6. Boragó (Santiago, Chile)
7. El Chato (Bogotá, Colômbia)
8. Mishiguene (Buenos Aires, Argentina)
9. Rosetta (Cidade do México, México)
10.Osso (Lima, Peru)
11. Quintonil (Cidade do México, México)
12. Oteque (Rio de Janeiro, Brasil)
13. D.O.M. (São Paulo, Brasil)
14. Pangea (Monterrey, México)
15. Alcalde (Guadalajara, México)
16. Tegui (Buenos Aires, Argentina)
17. Sud 777 (Cidade do México, México)
18. Kjolle (Lima, Peru)
19. Chila (Buenos Aires, Argentina)
20. Isolina (Lima, Peru)
21. Lasai (Rio de Janeiro, Brasil)
22. Astrid y Gastón (Lima, Peru)
23. Maní (São Paulo, Brasil)
24. Mayta (Lima, Peru)
25. Harry Sasson (Bogotá, Colombia)
26. Evvai (São Paulo, Brasil
27. Leo (Bogotá, Colombia)
28. Parador La Huella (José Ignacio, Uruguay)
29. Rafael (Lima, Peru)
30. Le Chique (Cancun, México)
31. Nicos (Cidade do México, México)
32. De Patio (Santiago, Chile
33. Mocotó (São Paulo, Brasil)
34. Gran Dabbang (Buenos Aires, Argentina)
35. Mil (Cusco, Peru)
36. Máximo Bistrot (Cidade do México, México)
37. Mérito (Lima, Peru)
38. Osaka (Buenos Aires, Argentina)
39. El Baqueano (Buenos Aires, Argentina)
40. Narda Comedor (Buenos Aires, Argentina)
41. Restaurante 040 (Santiago, Chile
42. Maito (Cidade do Panamá, Panamá)
43. Aramburu (Buenos Aires, Argentina)
44. Manu (Curitiba, Brasil)
45. La Mar (Lima, Peru)
46. Ambrosía (Santiago, Chile)
47. El Preferido de Palermo (Buenos Aires, Argentina)
Levou sete anos para que a hegemonia peruana fosse interrompida. Ontem, na premiação dos Latin America’s 50 Best Restaurants 2020 — que este ano ocorreu online por conta da pandemia, depois da versão mundial ter sido cancelada — foi a vez da Argentina conquistar o primeiro lugar no pódio, com o restaurante Don Julio, em Buenos Aires, do restaurateur e empresário Pablo Rivero.
Ao unir a tradição da parrilla argentina (seus cortes, suas carnes e suas técnicas) com a hospitalidade digna de um restaurante Michelin, o restaurante localizado no bairro de Palermo tem conquistado maior projecção no cenário gastronómico, o que culminou com o seu reconhecimento como o melhor do continente.
Soma-se a isso uma garrafeira invejável, com alguns rótulos somente encontrados na Europa, e uma preocupação legítima com a sustentabilidade animal — no caso, as vacas das raças Aberdeen Angus e Hereford que são criadas em pastagens verdes na Patagónia, cujas carnes são servida em sua (quase) totalidade nas receitas “do focinho-ao-rabo” do chef Guido Tassi.
O “efeito Argentina” colocou mais um nome, o Mishiguene, restaurante de raiz judaica do chef Tomas Kailka, também em Buenos Aires, entre os dez melhores, na oitava posição. Há três anos o país não tinha outro restaurante no top 10. Outras dez casas do país entraram na lista dos 50, a melhor representação argentina de sempre.
Mas a presença peruana se manteve no top 3, com os constantes Maido (do chef Mitsuharu Tsumura) e Central (do casal Pía León e Virgílio Martinez), na segunda e terceira posição, respectivamente. Há seis edições, os dois restaurantes da capital Lima se revezaram em primeiro lugar no ranking. Em 2013, primeiro ano da lista latino-americana, outro peruano, o Astrid y Gastón, do celebrado chef Gastón Acurio, foi quem inaugurou a lista como primeiro colocado. 2020 foi a primeira vez que um restaurante peruano não recebe o mais alto galardão do guia.
O país segue como o mais presente no ranking, com 11 restaurantes reconhecidos, seguido por México e Brasil, com 9 casas cada um. O último viu muito de seus restaurantes subirem posições, como foi o caso do Mocotó, Manu, Evvai, Lasai, Oteque e A Casa do Porco, que conquistou o quarto lugar da lista e é o restaurante brasileiro melhor colocado. D.O.M., de Alex Atala, e Maní, da chef Helena Rizzo, perderam posições (3 e 5, respectivamente), em relação à lista do ano passado. O Corrutela, do chef César Costa, em São Paulo, estreou no 50º lugar.
A festa brasileira deu-se na casa do casal Jefferson e Janaína Rueda, reconhecida este ano pelo prémio Ícone da América Latina, um dos maiores reconhecimentos dos 50 Best. No apartamento onde vivem no Centro de São Paulo, receberam outros chefs colegas, como Helena Rizzo, Felipe Schaedler (Banzeiro) e Thiago Bañares (Tan Tan) para prestigiar a premiação, com direito à roda de samba, coquetéis e o famoso picadinho de Janaína no menu.
À porta, os pouco mais de 20 convidados tiveram que fazer teste à Covid-19 para entrar e assistir à cerimónia, que teve um dos melhores desempenhos para o Brasil nos últimos anos. “O bloco brasileiro está forte, e estamos a andar juntos para conquistar nosso espaço”, disse o chef Jefferson Rueda. “Sinto que aqui na América Latina também torcemos muito uns pelos outros, independente dos países, isso nos dá mais força”.
Aos poucos, o mapa gastronómico latino-americano tem se diversificado, ao colocar na lista restaurantes de cidades menores ou menos “turísticas”, como Guatemala e Monterrey (México), Cartagena (Colómbia), Cusco (Peru) e Curitiba (Brasil). Uma prova de que o continente ainda tem muito a mostrar no prato.
Prémios e reconhecimentos especiais
Uma das grandes novidades da cerimónia neste ano foi a iniciativa “El Espíritu de América Latina”, que reconheceu restaurantes que tiveram acções positivas em suas comunidades locais durante a pandemia.
Escolha dos Chefs — Leonor Spinoza (Colómbia)
Melhor Chef Feminina — Narda Lepes (Argentina)
Melhor Chef Pasteleiro — Sofia Cortina (México)
One to Watch — Fauna (México)
Ícone da América Latina — Janaina Rueda (Brasil)
A lista dos 50 melhores:
1. Don Julio (Buenos Aires, Argentina)
2. Maido (Lima, Peru)
3. Central (Lima, Peru)
4.Casa do Porco (São Paulo, Brasil)
5. Pujol (Cidade do México, México)
6. Boragó (Santiago, Chile)
7. El Chato (Bogotá, Colômbia)
8. Mishiguene (Buenos Aires, Argentina)
9. Rosetta (Cidade do México, México)
10.Osso (Lima, Peru)
11. Quintonil (Cidade do México, México)
12. Oteque (Rio de Janeiro, Brasil)
13. D.O.M. (São Paulo, Brasil)
14. Pangea (Monterrey, México)
15. Alcalde (Guadalajara, México)
16. Tegui (Buenos Aires, Argentina)
17. Sud 777 (Cidade do México, México)
18. Kjolle (Lima, Peru)
19. Chila (Buenos Aires, Argentina)
20. Isolina (Lima, Peru)
21. Lasai (Rio de Janeiro, Brasil)
22. Astrid y Gastón (Lima, Peru)
23. Maní (São Paulo, Brasil)
24. Mayta (Lima, Peru)
25. Harry Sasson (Bogotá, Colombia)
26. Evvai (São Paulo, Brasil
27. Leo (Bogotá, Colombia)
28. Parador La Huella (José Ignacio, Uruguay)
29. Rafael (Lima, Peru)
30. Le Chique (Cancun, México)
31. Nicos (Cidade do México, México)
32. De Patio (Santiago, Chile
33. Mocotó (São Paulo, Brasil)
34. Gran Dabbang (Buenos Aires, Argentina)
35. Mil (Cusco, Peru)
36. Máximo Bistrot (Cidade do México, México)
37. Mérito (Lima, Peru)
38. Osaka (Buenos Aires, Argentina)
39. El Baqueano (Buenos Aires, Argentina)
40. Narda Comedor (Buenos Aires, Argentina)
41. Restaurante 040 (Santiago, Chile
42. Maito (Cidade do Panamá, Panamá)
43. Aramburu (Buenos Aires, Argentina)
44. Manu (Curitiba, Brasil)
45. La Mar (Lima, Peru)
46. Ambrosía (Santiago, Chile)
47. El Preferido de Palermo (Buenos Aires, Argentina)
48. Nuema (Quito, Equador)
49. Celele (Cartagena, Colombia)
50. Corrutela (São Paulo, Brasil)
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