Restaurantes

100 Maneiras, de Ljubomir Stanisic, e Eneko são as duas novas estrelas da Michelin Portugal 2021

Foi uma longa espera, mas finalmente Ljubomir Stanisic conseguiu uma estrela Michelin para o seu restaurante 100 Maneiras, no Bairro Alto, em Lisboa, cujo novo espaço inaugurou há apenas dois anos, com Manuel Maldonado como chefe executivo, depois de mais de uma década num edifício contíguo. A outra estrela é ainda mais recente, o Eneko, do chefe basco Eneko Atxa (três estrelas no Azurmendi, no País Basco), que tem o brasileiro Lucas Bernardes como chefe residente, abriu há pouco mais de um ano onde antes era o famoso Alcântara Café, em Lisboa, pela mão do grupo Penha Longa. Quanto a perda de estrelas, num ano particularmente difícil, regista-se somente o já previsto São Gabriel, em Almancil, fechado e vendido ainda antes da pandemia pelo chefe Leonel Pereira. É este o balanço das “estrelas” para Portugal na edição para 2021 do Guia Michelin Espanha e Portugal, que acaba de ser anunciado numa “gala digital” transmitida de Madrid.

Sala principal do 100 Maneiras

Ainda não foi desta que Portugal teve o seu primeiro restaurante três estrelas, nem conseguiu mais um duas estrelas, a somar aos sete que já as conquistaram (ver lista no fim deste artigo), mas tendo em conta o ano que foi, com os restaurantes fechados meses a fio ou a funcionar com enormes restrições devido à pandemia, também não era de esperar grandes mudanças, apesar da Michelin garantir que os inspectores conseguiram fazer as suas visitas. Mesmo em Espanha, houve apenas mais três restaurantes com duas estrelas – entre os quais o Culler de Pau (O Grove, Pontevedra), do chefe Javier Olleros, bem conhecido de muitos portugueses, que se torna o primeiro na história a alcançar esta distinção na Galiza – e 19 com uma estrela, o que é pouco quando comparado com anos anteriores.

De destacar também a categoria Bib Gourmand, que distingue os restaurantes com boa relação qualidade/preço, com cinco restaurantes portugueses a entrarem para a categoria: O Frade, em Lisboa (que venceu o prémio “Mesa Diária”, do Mesa Marcada, relativo a 2019), o Avista, no Funchal, O Javali, em Bragança, o Semea by Euskalduna, no Porto, e o Check-in Faro, que o chefe Leonel Pereira abriu na capital algarvia depois de ter fechado o São Gabriel.

Eneko, em Lisboa

Ainda de referir a nova “estrela verde” que a Michelin criou este ano para distinguir os restaurantes com “melhores práticas gastronómicas no âmbito da sustentabilidade”. Em Espanha, houve 21 restaurantes a recebê-la, entre os quais se encontram casas bem conhecidas como o Aponiente, de Ángel Léon, ou o Azurmendi, ambos com três estrelas, ou o Culler de Pau, Ricard Camarena ou Cocina Hermanos Torres, todos com duas estrelas, mas em Portugal nenhum. Como estes prémios são por inscrição ou por despertarem a atenção especial dos inspectores, parece que, segundo fonte da Michelin, os chefes portugueses ainda não estão muito a par da nova distinção. Esperemos que para o ano, neste e noutros aspectos, tudo seja diferente para melhor.

A lista dos restaurantes com estrela Michelin em Portugal, por ordem alfabética:

2 estrelas (7 restaurantes)

 . Alma – Lisboa (chefe Henrique Sá Pessoa) 

. Belcanto – Lisboa (chefe José Avillez)

. Casa de Chá da Boa Nova – Leça da Palmeira (chefe Rui Paula) 

. Il Gallo d’Oro – Funchal (chefe Benoît Sinthon)

. Ocean – Porches (chefe Hans Neuner)

. The Yeatman – Vila Nova de Gaia (chefe Ricardo Costa)

. Vila Joya – Praia da Galé (chefe Dieter Koschina)

1 estrela (21 restaurantes)

. 100 Maneiras – Lisboa (chefes Ljubomir Stanisic e Manuel Maldonado) Novo

 . A Cozinha – Guimarães (chefe António Loureiro) 

. Antiqvvm – Porto (chefe Vítor Matos)

. Bon Bon – Carvoeiro – (chefe Louis Anjos)

. Eleven – Lisboa (chefe Joachim Koerper)

. Eneko – Lisboa (chefes Eneko Atxa e Lucas Bernardes) Novo 

. Epur – Lisboa (chefe Vincent Farges) 

. Feitoria – Lisboa (chefe João Rodrigues)

. Fifty Seconds – Lisboa (chefes Martín Berasategui e Filipe Carvalho) 

. Fortaleza do Guincho – Cascais (chefe Gil Fernandes)

. G Pousada – Bragança (chefe Óscar Geadas)

. Gusto by Heinz Beck – Almancil (chefes Heinz Beck e Daniele Pirillo

. LAB by Sergi Arola – Sintra (chefe Sergi Arola)

. Largo do Paço – Amarante (chefe Tiago Bonito)

. Loco – Lisboa (chefe Alexandre Silva)

. Mesa de Lemos –  Silgueiros, Viseu (chefe Diogo Rocha) 

. Midori – Sintra (chefe Pedro Almeida) 

. Pedro Lemos – Porto (chefe Pedro Lemos)

. Vista – Portimão (chefe João Oliveira) 

. Vistas – Vila Nova de Cacela (chefe Rui Silvestre) 

. William – Funchal (chefe Luís Pestana)

Nasceu em Lisboa em 1963. Licenciou-se em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa e trabalhou em diversos jornais (Semanário, Diário Popular e Diário de Lisboa) e, depois, na área de comunicação empresarial. Em 1997, começou a colaborar com a revista “Fortuna” na área de gastronomia e vinhos. Em 1999, criou a página “Boa Vida” para o “Diário de Notícias”, que coordenou até Janeiro de 2009, com algumas interrupções. Entre 2007 e 2019, foi coordenador do Projecto Gastronomia da Associação de Turismo de Lisboa e, nesse âmbito, director do festival gastronómico Peixe em Lisboa, continuando a escrever artigos sobre gastronomia e restaurantes em várias publicações.