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Guia Michelin simplifica classificação e adapta-se (cada vez mais) aos novos tempos

Guia Michelin

Como já relatámos, por diversas vezes, o Guia Michelin procura cada vez mais adaptar-se aos novos tempos, nomeadamente através da sua organização como uma plataforma digital – faltando apenas saber se alguns dos guias continuarão a sair em papel, como objecto (essencialmente) de colecção – além de uma presença forte nas redes sociais, onde conta, por exemplo, com 2.4 milhões de seguidores no Instagram . 

Na plataforma digital, Guide.Michelin.com, além das referências dos seus inspectores, os utilizadores do guia também contam com as avaliações dos próprios clientes, artigos editoriais, filtros de procura temáticos ou serviço de reservas online. Esta aproximação inteligente a sites populares como o Trip Advisor, Google ou Yelp já começou há algum tempo e é uma de tentativa de travar o declínio das vendas em papel (o site e as apps são gratuitas) procurando alcançar um mercado muito mais abrangente, bem como as gerações mais novas sempre muito focadas nas opiniões do cliente comum. Refiro que a jogada é inteligente porque continuarão a ter aquilo que os distinguiu e continuará a distinguir de todos os outros: uma opinião e uma classificação com curadoria dos seus próprios inspectores. 

Porém, no sentido de simplificar o guia, a empresa acaba de comunicar que a partir de agora desaparecem a distinção e o pictograma ‘O prato Michelin’. Garantem eles que esta medida “não terá qualquer impacto na presença dos restaurantes destacados dentro dessa categoria, que se manterão nas diferentes plataformas como restaurantes recomendados pelos inspectores com base na qualidade da sua cozinha”. Além disso, continuam, “os estabelecimentos poderão indicar a sua inclusão no guia através de novo kit de comunicação proporcionado pela Michelin”.

Deste modo o que fica, além das “modernices” referidas acima é o de sempre, aquilo que está na sua génese: as Estrelas Michelin, que indicam as melhores experiências gastronómicas, a “nova” (e polémica) classificação de Estrela Verde que “destaca os restaurantes que dão mostras do seu compromisso com uma gastronomia mais sustentável”; e os Bib Gourmand, (introduzidos nos últimos vinte anos), que representam os estabelecimentos com a melhor relação qualidade-preço. Como diria o Sr. Bob Dylan, “the times they are a-changin’ ”.

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Co-autor do Mesa Marcada. Escreve sobre gastronomia no Público, Revista de Vinhos (crítica gastronómica) e em títulos internacionais como Cook Inc (Itália), Eater.com (EUA) e Gula (Brasil). É autor do livro “Lisboa à Mesa - Guia onde Comer. Onde Comprar”, com edições em português, inglês e espanhol (na Planeta).

1 comment on “Guia Michelin simplifica classificação e adapta-se (cada vez mais) aos novos tempos

  1. Gastrónomo Além Fronteiras

    Sabe-me dizer, por favor, se essas alterações que referiu no seu artigo também reflecte a classificação que o Michelin atribui em relação ao conforto dos restaurantes? É que de há muito pouco tempo para cá, o site do Guide Michelin deixou de mostrar essa classificação, ou seja, de um (1) talher (conforto simples) até cinco (5) talheres (conforto excepcional – nossos estabelecimentos mais agradáveis, quando a cor dos talheres é vermelha).

    Muito Obrigado

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