Restaurantes

Há 5 Novos restaurantes portugueses com uma estrela no Guia Michelin 2022

Portugal acaba de ver aumentar a lista de restaurantes com estrelas Michelin depois de, há instantes, ter sido revelado na cerimónia do Guia Michelin Espanha e Portugal 2022, em Valência, 5 novos restaurantes galardoados com uma estrela: Al Sud (do Palmares Resort) de Louis Anjos, em Lagos, A Ver Tavira, de Luís Brito, em Tavira, Cura, de Pedro Pena Bastos, em Lisboa, Esporão, de Carlos de Albuquerque Teixeira, em Reguengos de Monsaraz e Vila Foz, de Arnaldo Azevedo, no Porto. Ainda de relevante nesta noticia: não houve perdas, ou seja, todos os outros restaurantes mantiveram as estrelas.

Um apontamento para referir a principal surpresa da noite: a subida ao palco de todos os chefes cujos restaurantes foram galardoados com estrelas no ano passado, numa edição que foi 100% digital (na foto de baixo).

Ljubomir Stanisic no palco, entre a armada espanhola, num momento simbólico referente as estrelas alcançadas no ano passado.

Indo para a análise aos resultados de ontem, há sempre duas perspectivas de observar a situação. Se quisermos ver pelo lado positivo, ou da garrafa meio cheia, a colheita não foi má, quer em comparação com o ano anterior em que tivemos apenas 2 novos restaurantes com esta distinção, quer se compare com o passado em que não houve muitos anos com este número de novos estrelados. 

Podemos ainda ir buscar outros guias vermelhos lançados este ano de territórios com idêntico número de habitantes ao nosso, para concluir que não nos saímos mal. 

Contudo, é legitimo olhar para a garrafa meio vazia e aqui é inevitável a comparação com o país vizinho. E nem falo em termos absolutos, mas tão só em termos proporcionais (10 milhões vs 47 milhões habitantes): nenhum dos nossos distintos restaurantes de fine dining com duas estrelas parece conseguir convencer os inspectores a darem-lhe a 3ª, enquanto nuestros hermanos têm 11 (e acham pouco! – não houve novos). 

Por sua vez Espanha ganha 4 novos duas estrelas (tem agora 33) enquanto Portugal mantém os seus 7 (olha, por acaso aqui até é proporcional). 

E, por fim, Portugal tem 5 novos 1 estrela contra 27 novos de Espanha. No total contamos agora com 26 (menos dos que os nossos vizinhos ganharam apenas neste ano) enquanto Espanha tem um total de 185 restaurantes com uma estrela. 

O mais divertido é que se o leitor der um saltinho ao site de um qualquer especialista gastronómico espanhol vai vê-lo a espumar, na comparação do seu país com França e a vociferar contra o guia por continuar a ser demasiado afrancesado. Enfim, siga a Marinha!

Olhando de novo para Portugal e para a colheita deste ano dos cinco novos restaurantes estrelados só o resultado de dois pode ser considerado meia surpresa. 

De facto, tendo em conta os rumores que circulavam por aí, já se falava em estrelas para o Al Sud: Louis Anjos tinha tido uma estrela no Bon Bon, de onde saiu no final de Dezembro passado. Por sua vez o A Ver Tavira andava a ser vigiado pelo guia, algo que o Duarte Calvão já adivinhava, neste artigo. Quanto ao Cura, era dos que mais se mencionava: Pedro Pena Bastos andava debaixo de olho dos inspectores desde os tempos do Esporão e tendo o Ritz finalmente um restaurante bem definido como tal e de porta para a rua, era previsível que a sua cozinha precisa e estimulante não tardasse a ser premiada. 

Em relação à meia surpresa, no caso do Esporão, o restaurante da herdade do conhecido produtor de vinhos, o bom trabalho de Carlos de Albuquerque Teixeira tem andado bem cotado entre os seus pares e clientes (como aliás tem sido visível nas votações dos prémios do Mesa Marcada), porém, apesar do bom nível foge um pouco aos padrões do fine dining tradicional que a Michelin parece exigir em Portugal. Aliás, os seus menus de 5 e 7 momentos por 50 euros e 65 euros, respectivamente, torna-o, provavelmente, num (se não “no”) dos restaurantes com uma estrela Michelin mais baratos da Europa. Ah! e também é provável que aos 29 anos Carlos Albuquerque seja um dos mais jovens chefes lusos de sempre a ganhar um estrela em terras lusas.

Já quanto ao Vila Foz, no Porto, a meia surpresa é mais por não ser um dos restaurantes badalados da cidade. Porém, encaixa no perfil que o guia gosta de descobrir e premiar: um restaurante com uma cozinha e serviço de topo que não anda muito no radar. Além disso, quem já experimentou a cozinha de Arnaldo Azevedo nota que ele já nada nestas águas há muitos anos – só ainda não tinha tido, talvez, as condições certas para se afirmar. 

Carlos de Albuquerque Teixeira do Esporão a receber a jaleca que simboliza a estrela Michelin, já depois de ter recebido a estrela verde (prémio de sustentabilidade)

Expectativas e desilusões

Falava-se na estrela para O Balcão, em Santarém. Rodrigo Castelo é um dos chefes em Portugal que faz um dos trabalhos mais profundos em termos de desenvolvimento de produtos e de pratos e a sua cozinha está a um nível que já captou a atenção do guia (aliás, Castelo foi um dos convidados desta noite, algo que não é comum a Michelin fazer a quem não dá uma estrela). Porém, embora venha fazendo estes menus há alguns anos e estejam cada vez melhores, só há pouco tempo largou a vertente mais petisqueira e talvez o guia queira esperar um pouco mais para ver a solidez da mudança. Depois existem variadíssimos casos. Particularmente, destaco o do Arkhe, de João Ricardo Alves, cuja entrada de Alejandro Chavarro elevou o conforto e o serviço de sala para o nível da comida e que podia ser muito bem o primeiro restaurante “plant based” ibérico a ter uma estrela; da segunda estrela para o Fifty Seconds (a marca Martin não costuma falhar – e a experiência de Filipe Carvalho está lá para ajudar); da terceira (se é que algum dia vamos ter) para o Ocean ou Belcanto e os casos mais escandalosos: continuarem a ignorar a estrela ao Euskalduna e a segunda ao Feitoria

Breves notas ainda para dizer que a Michelin encontrou dois restaurantes por cá a quem dar a estrela verde, por se enquadrarem “na vanguarda da gastronomia sustentável” (algo que não aconteceu no ano passado). Foram eles, o Esporão (que na última edição dos Prémios Mesa Marcada tinha ganho o Prémio Especial Studioneves de Sustentabilidade) e o o Il Gallo d’Oro, no Funchal. 

Em relação ao bib gourmand, pelos vistos os restaurantes portugueses continuam a não se encaixar no conceito. Dos 43 novos restaurantes distinguidos como tal, 41 são em Espanha e apenas 2 em Portugal. Em linguagem adolescente: lol 

De destacar ainda a atribuição do Prémio Michelin para o Cozinheiro Jovem a Mario Cachinero, do restaurante Skina (Marbelha), um chef de apenas 25 anos que tem impressionado os inspectores (e que já lhe deram duas estrelas) e o Prémio Michelin para o Cozinheiro Mentor, atribuído a Martín Berasategui

Deixo ainda a lista dos novos restaurantes de Espanha com duas estrelas: Amelia by Paulo Airaudo (San Sebastián), Voro, (Canyamel, Maiorca), Smoked Room, em Madrid (restaurante de Dani Garcia que ganha as duas estrelas directamente apesar de ter aperto apenas em Junho), e Iván Cerdeño (Toledo).

Por fim, a lista dos restaurantes com estrela Michelin em Portugal, por ordem alfabética:

2 estrelas (7 restaurantes)

. Alma – Lisboa (chefe Henrique Sá Pessoa) 

. Belcanto – Lisboa (chefe José Avillez)

. Casa de Chá da Boa Nova – Leça da Palmeira (chefe Rui Paula) 

. Il Gallo d’Oro – Funchal (chefe Benoît Sinthon)

. Ocean – Porches (chefe Hans Neuner)

. The Yeatman – Vila Nova de Gaia (chefe Ricardo Costa)

. Vila Joya – Praia da Galé (chefe Dieter Koschina)

1 estrela (26 restaurantes)

. 100 Maneiras – Lisboa (chefes Ljubomir Stanisic e Manuel Maldonado) 

 . A Cozinha – Guimarães (chefe António Loureiro) 

. Al Sud – Lagos (chefe Louis Anjos)  Novo

. A Ver Tavira – Tavira (chefe Luís Brito) Novo

. Antiqvvm – Porto (chefe Vítor Matos)

. Bon Bon – Carvoeiro – (chefe José Lopes)

. CURA – Lisboa (chefe Pedro Pena Bastos) Novo

. Esporão – Reguengos de Monsaraz (chefe Carlos de Albuquerque Teixeira) Novo

. Eleven – Lisboa (chefe Joachim Koerper)

. Eneko – Lisboa (chefes Eneko Atxa e Lucas Bernardes) 

. Epur – Lisboa (chefe Vincent Farges) 

. Feitoria – Lisboa (chefe João Rodrigues)

. Fifty Seconds – Lisboa (chefes Martín Berasategui e Filipe Carvalho) 

. Fortaleza do Guincho – Cascais (chefe Gil Fernandes)

. G Pousada – Bragança (chefe Óscar Geadas)

. Gusto by Heinz Beck – Almancil (chefes Heinz Beck) 

. LAB by Sergi Arola – Sintra (chefe Sergi Arola)

. Largo do Paço – Amarante (chefe Tiago Bonito)

. Loco – Lisboa (chefe Alexandre Silva)

. Mesa de Lemos –  Silgueiros, Viseu (chefe Diogo Rocha) 

. Midori – Sintra (chefe Pedro Almeida) 

. Pedro Lemos – Porto (chefe Pedro Lemos)

. Vila Foz – Porto (chefe Arnaldo Azevedo). Novo

. Vista – Portimão (chefe João Oliveira) 

. Vistas – Vila Nova de Cacela (chefe Rui Silvestre) 

. William – Funchal (chefe Luís Pestana)

5 comments on “Há 5 Novos restaurantes portugueses com uma estrela no Guia Michelin 2022

  1. Hugo Matias

    Nota informativa: O Danielle Pirillo já não se encontra no Gusto desde início de 2019.

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  2. Costela Gastronómica

    Sabe me dizer se o Guia Michelin Ibérico 2022 vai sair na versão papel?

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