Notas

Gastrolimia mostra como as cozinhas galega e minhota contribuem para conhecermos a “Fronteira Esquecida”

Chamam-lhe a “Fronteira Esquecida” talvez porque há muitos anos que minhotos e galegos a atravessem naturalmente, sem dar conta dos limites entre dois países, numa belíssima região montanhosa constituída, no lado português, pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês e, do lado espanhol, pelo Parque Natural Baixa Limia-Serra do Xurés. Outro traço de união é o rio Lima, ou Limia, e ainda uma gastronomia que motiva atravessamentos da fronteira para ir almoçar ou jantar num fim de semana ou numa estada mais prolongada, num turismo que aproveita os bons produtos regionais em vários restaurantes e hotéis locais.

Foi para destacar estas características que recentemente se organizou em Lobios, pequena localidade fronteiriça da província de Ourense, um encontro denominado Gastrolimia que juntou profissionais de comunicação na Internet, bloggers, especialistas em gestão de património e gastronomia a profissionais de hotelaria e produtores locais – que trabalham, por exemplo com queijos de alta montanha, carnes do Gerês/Xurés, mel ou batatas – que têm em comum não só a busca pela qualidade, mas também a sustentabilidade.

Do lado espanhol, participaram Manuel Gago, professor da Universidade de Santiago de Compostela e director da plataforma de divulgação do Conselho de Cultura Galega, que fez uma interessante exposição sobre a importância do conceito de “experiência” no turismo actual e de como a gastronomia tem um papel nesse âmbito, e o antigo cozinheiro Alfonso López, um galego radicado em Madrid, que explicou como desenvolveu o seu blog Recetas de Rechupete nas redes sociais com grande êxito, a ponto de atingir mais de um milhão de seguidores. Portugal esteve representado pelo site Mesa Marcada, convidado pela organização para uma exposição sobre o seu modo de inserção na comunidade gastronómica. E ainda houve presenças institucionais do presidente da Deputación de Ourense, de uma representante da marca Galicia Calidade, de autoridades da Xunta de Galicia, e das autarquias portuguesas de Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo.

O chefe anfitrião, Domingo González, durante o showcooking

O encontro decorreu no Hotel Balneario Lobios Caldaria de Riocaldo (na fotografia de abertura), com 85 quartos e uma grande piscina interior que proporciona aos hóspedes banhos em águas naturalmente quentes que ali surgem, justificando o nome, e que também se especializou na oferta de cicloturismo. O chefe de cozinha do hotel, Domingo González, juntou-se ao português Zé Carlos Castro, professor da Escola de Hotelaria de Viana do Castelo e proprietário do restaurante Miracastro, em Castro Laboreiro, para um showcooking a que se seguiu um almoço.

Zé Carlos Castro, do restaurante Miracastro, representou a cozinha portuguesa

Domingo González começou com um pirulito de codorniz com sorbet de menta, pastel de peixes de rio e arancini com ragoût de vitela cachena, seguindo-se empanada de forquellas (um enchido galego), galo pica-no-chão com recheio de grelos e cogumelos, tripas limianas com grão e, por fim, aletria com sopas de “burro cansado”. Já Zé Carlos Castro preparou lampreia seca fumada, galo e pudim, em receitas típicas da sua região. Um almoço que mostrou bem o potencial que esta “Fronteira Esquecida” tem para ser conhecida e lembrada também em termos gastronómicos.

Publicação patrocinada pela Gastrolimia

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