Opinião Restaurantes

Restaurantes abrem hoje (mas, calma, os loucos anos 20 só em 2024)

A partir de hoje, com algumas excepções, o país entra na 3ª fase do desconfinamento, o que significa que restaurantes e afins já poderão abrir, nomeadamente, no interior dos seus espaços. Ainda terão de o fazer com limitações substanciais – lotação reduzida (max. 4 pax/mesa no interior; 6/mesa no exterior) e de horário (fecho às 22.30h durante a semana e 13h ao fim de semana e feriados). Se tudo correr bem, e tomara que sim, a partir de 3 Maio deixarão de existir esses constrangimentos.

Tenho lido e ouvido, nestas últimas semanas, relatos meio horrorizados com as enchentes nas esplanadas e uma euforia que faz com que muitos se esqueçam dos retrocessos que poderão existir nas aberturas se o número de casos aumentarem – aliás, para alguns concelhos do país já houve. Até agora as coisas têm corrido melhor do que muitos pensavam (entre eles, eu). Por exemplo, há instantes foram anunciados os dados de domingo e, apesar de haver menos notificações ao fim de semana, os números são animadores – sobretudo se compararmos com uma boa parte da Europa ou com o que se passa no Brasil, onde me encontro: o famoso R(t) desceu para 1, há “apenas” 200 infectados, um óbito e mais de 500 recuperados. Porém, cientistas como o norte-americano Nicholas Christakis dizem não estarmos no princípio do fim desta pandemia, mas “a aproximarmo-nos do fim do inicio” e que “os loucos anos 20”, de que muitos falam para breve, só chegarão em 2024. Todavia, como Christakis já se enganou (por uns meses) na previsão da chegada das vacinas, pode ser também que se engane nos novos dados.

A verdade é que 2024 ainda está longe e o melhor é dar mesmo um passo de cada vez. Portanto, se queremos que tudo corra bem, que possamos confraternizar com familiares e amigos, nomeadamente em restaurantes e espaços públicos, o melhor é mesmo continuar a não ignorar as regras básicas que todos já sabemos de cor e salteado: máscara, distanciamento social e rios de álcool gel.

Entre ontem e hoje tenho visto optimismo misturado com uma certa sensação de alivio nas postagens de restaurantes, chefes e proprietários, nas redes sociais. É bom e mais do que compreensível. São alguns desses exemplos – que servirão também de informação para muitos leitores – que deixarei abaixo, começando pelo texto de Miguel Peres, do Pigmeu/Reco Reco, que inspirou este artigo. É que, como diz o ditado, cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Nem respeito.

“FINALMENTE! Estamos todos prontos! A partir de hoje teremos todos os restaurantes abertos! Está na hora de apoiarmos os nossos restaurantes do coração!

Mas por favor, lembrem-se :

Estamos com capacidade reduzida e ninguém montou um restaurante para servir apenas metade dos lugares. Sejam compreensivos.

Optem por horários menos movimentados, como o início da noite. Se gostam mesmo de um restaurante, adaptem um pouco as vossas horas, normalmente é mais difícil encher mesas antes das 20.00.

Cumpram os horários das reservas, só assim conseguiremos rodar mesas e receber toda gente.

Não cancelem mesas em cima da hora. Quando se comprometem a vir, venham, não só estão a retirar o lugar a outros clientes, como estão a causar um grave prejuízo aos restaurantes que estão numa luta pela sobrevivência.

Cumpram as regras e aguardem instruções dos vossos anfitriões para entrarem nos restaurantes!!!

Dito isto! Vão se a eles!!!! Em Segurança!!!!🙌🙌🙌🙌”

Co-autor do Mesa Marcada. Escreve sobre gastronomia no Público, Revista de Vinhos (crítica gastronómica) e em títulos internacionais como Cook Inc (Itália), Eater.com (EUA) e Gula (Brasil). É autor do livro “Lisboa à Mesa - Guia onde Comer. Onde Comprar”, com edições em português, inglês e espanhol (na Planeta).

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