Restaurantes

Menus especiais em 42 restaurantes com cervejas Estrella Damm

Foi no Saraiva’s, esse restaurante tão pouco citado pelos lisboetas, mas que desde que me lembro está sempre recomendado no guia Michelin (sendo inclusivamente um dos actuais Bib Gourmand, distinção que assinala boas relações qualidade/preço) que a Estrella Damm deu a conhecer o seu novo projecto Tapas Experience, que até 5 de Dezembro vai proporcionar menus especiais em 42 restaurantes de vários pontos do país, a preços em conta que incluem o acompanhamento com as cervejas da marca catalã. O Saraiva´s, mesmo ao lado do alto do Parque Eduardo VII, à direita de quem sobe, é um desses restaurantes, estando agora integrado no grupo proprietário do famoso Tágide, no Chiado, que foi buscar Hélder Martins (ex-Tavares) para chefiar a cozinha.

Além das propostas gastronómicas do chefe, tivemos também direito à orientação do sommelier Bruno Antunes, que trabalha habitualmente com a Estrella Damm, que explicou as harmonizações e as características das cervejas. Logo a abrir, foi servida a Estrella Damm “normal”, com uma focaccia de azeitonas feita na casa, que me pareceu um pouco massuda, talvez ainda precise de ser aperfeiçoada, seguindo-se a Inedit, a sensacional criação de Ferran Adrià (juntamente com o seu já desaparecido sócio no El Bulli, Juli Soler) de que sou consumidor contumaz, que acompanhou o melhor prato da noite, um crudo de corvina (não confundir com ceviches e tártaros, de que creio andamos já um pouco fartos), ponzu e salada algarvia “montanheira” (na foto de abertura). Grande combinação, inclusive de texturas, do pimento da salada com a maciez do peixe, com o molho oriental na dose certa.

O chefe Hélder Martins e o sommelier Bruno Antunes

O que vem a seguir é quase sempre bom, sobretudo na sua combinação com cerveja, um croquete, mas de cozido, com uma óptima mostarda de grão caseira. É difícil falhar aqui, mas deve-se elogiar quando se acerta em cheio e esse foi o caso. Seco de óleo, boa “capa”, recheio equilibrado, sem excesso de nenhum ingrediente, nomeadamente da poderosa, e por isso perigosa, hortelã. Desta vez, coube à Voll Damm, uma cerveja duplo malte, escoltar o prato. Por fim, uma bochecha de porco estufada em cerveja preta com puré trufado e ainda uma duxelle de cogumelos shitake. Carne um pouco seca, mas tudo o resto bem bom, com destaque para o puré de batatas kennebec, vindas de Trás-os-Montes. Acompanhou uma Negra Munich, que ficou muito bem, sendo uma das cervejas pretas que mais aprecio, devido sobretudo ao facto de não ostentar o amargor característico.

Muito boa e leve também a sobremesa, uma tarte de maçã com caramelo salgado, mais fruta que massa, ideal para terminar um jantar bem aviado. Não estava previsto, mas, a pedido de várias famílias, Bruno Antunes serviu então a Malquerida, uma criação recente de Ferran Adrià e do seu irmão Albert, de cor vermelha, que leva milho, flor da Jamaica (não sei o que é), lúpulo e trigo, “desenvolvida para acompanhar a gastronomia latina”, ou seja, latino-americana. Só sei que ficou muito bem com a tarte de maçã, mesmo que não tenha sido essa a ideia.

A combinação clássica de croquetes com cerveja é uma das propostas do Saraiva’s

Este agradabilíssimo jantar custa 37 euros, cervejas incluídas (talvez não a Malquerida…) e é um dos que se pode ter em Lisboa. Mas há propostas bem diversificadas, como, por exemplo, da Taberna Albricoque, de Bertílio Gomes (menu a 40 euros), ou do Tapisco, de Henrique Sá Pessoa (30 euros), os dois também em Lisboa, ou, em Faro, do Check-In, de Leonel Pereira (40 euros). A lista dos restaurantes, com os respectivos menus, pode ser vista aqui.

Nasceu em Lisboa em 1963. Licenciou-se em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa e trabalhou em diversos jornais (Semanário, Diário Popular e Diário de Lisboa) e, depois, na área de comunicação empresarial. Em 1997, começou a colaborar com a revista “Fortuna” na área de gastronomia e vinhos. Em 1999, criou a página “Boa Vida” para o “Diário de Notícias”, que coordenou até Janeiro de 2009, com algumas interrupções. Entre 2007 e 2019, foi coordenador do Projecto Gastronomia da Associação de Turismo de Lisboa e, nesse âmbito, director do festival gastronómico Peixe em Lisboa, continuando a escrever artigos sobre gastronomia e restaurantes em várias publicações.

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