Notas

Guia Michelin Espanha e Portugal 2023 já tem data e local.

A próxima edição ibérica do famoso guia vermelho, o mais influente e prestigiado guia de restaurantes a nível mundial, vai ser apresentada na região de Castela – Mancha, mais precisamente no Palácio de Congressos El Greco, em Toledo (a uma hora de Madrid), no próximo dia 22 de Novembro. Como coordenadores gastronómicos do evento estarão os chefes dos restaurantes com duas estrelas, Fran Martínez (do Maralba, em Almansa) e Ivan Cerdeño (do restaurante homónimo, em Toledo.

Há mais de uma dezena de anos que delegação de Madrid da marca francesa organiza estas cerimónias que têm vindo em crescendo em termos de expectáculo, como puderam ver os que assistiram (presencialmente ou em streaming) à última gala realizada em Valência, em Dezembro último.

Como todos sabemos, embora o guia seja ibérico tem sido sempre muito contestada a desproporção em termos de representatividade portuguesa na publicação, quer seja no número de restaurantes (estrelados e não estrelados), quer ao nível da ausência ou presença mínima de portugueses na equipa de inspectores, ou até mesmo como local de apresentação do guia.

De facto, a única vez que uma cidade portuguesa teve essa honra, foi em 2018, quando a gala decorreu em Lisboa. É provável que mais ano menos ano, o Porto possa ser escolhido (ou uma região como Algarve, se qualquer uma delas quiser chegar-se à frente com investimento), mas não é expectável que tal venha a acontecer nos próximos tempos. Porém, segundo me adiantou a directora de comunicação da marca, Monica Rius, os responsáveis do guia estão cientes das criticas que lhes são feitas e diz que há uma vontade de dar maior protagonismo ao país, estando, inclusive, a ser pensada a organização de um outro tipo de evento gastronómico para cá.

É preciso ver que tudo isto é cada vez mais um negócio. A quebra das vendas das edições em papel (hoje restringidas a tiragens muito baixas, para restaurantes, colecionadores e pouco mais) levou, desde há uns anos, a Michelin a mudar a sua estratégia comercial em relação aos guias que lançam todos os anos, mundialmente.

As edições passaram a estar disponíveis de forma gratuita em formato digital e a maior parte do rendimento nesta área passou a vir da expansão para novos territórios (países, regiões ou cidades) e cerimónias anuais de apresentações dos guias em locais diferentes – pagos pelas autoridades oficiais regionais e respectivos patrocinadores.

O mais recente exemplo aconteceu por estes dias, em França, cuja edição local foi apresentada pela primeira vez fora de Paris, em Cognac, e em que pela primeira vez, também, foi convidada a imprensa internacional. De Portugal, estivemos presentes eu e Joana Haderer da agência Lusa e sobre essa experiência (que fui relatando no Instagram) publicarei mais pormenores em breve.

Co-autor do Mesa Marcada. Escreve sobre gastronomia no Público, Revista de Vinhos (crítica gastronómica) e em títulos internacionais como Cook Inc (Itália), Eater.com (EUA) e Gula (Brasil). É autor do livro “Lisboa à Mesa - Guia onde Comer. Onde Comprar”, com edições em português, inglês e espanhol (na Planeta).

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