Menu de Interrogação

Menu de interrogação – 10 perguntas a Maria de Lourdes Modesto 

Neste dia em que Maria de Lourdes Modesto nos deixou, em sua homenagem, republicamos aqui a entrevista com que iniciámos a rubrica Menu de Interrogação, em 24 de Outubro de 2016.

Vamos ter saudades suas e do seu humor muito especial.

Ninguém melhor do que Maria de Lourdes Modesto para dar início a uma série de questionários de 10 perguntas que o Mesa Marcada vai colocar a várias personalidades da área da gastronomia. Em primeiro lugar, por ser quem é, de longe a figura mais importante que temos nessa área em Portugal. Depois, porque precisamente ela não se dá importância, é suficientemente sábia e segura para ser simples. E sempre com muita graça, como se pode ver. Por fim, porque, dispensando apresentações, nos poupa algum trabalho na estreia desta iniciativa patrocinada pela Estrella Damm, uma marca de cervejas cada vez mais envolvida no apoio à gastronomia e à sua divulgação. Daqui a duas semanas, voltamos com outro questionário a outra personalidade.

Quantas entrevistas já deu em que não lhe perguntam “Como começou a interessar-se por cozinha?”

Numa única. Foi naquela em que me disseram: se gosta tanto de cozinhar, porque não aprende?

Um cozinheiro magricela é de confiar?

Não é de tomar a sério. Recomende-se-lhe o consumo de toucinho e os demais predicados da cozinha portuguesa em salsicharia. Um bom cozinheiro segue atrás do seu “brioche” bem fermentado.

Na cozinha profissional, as mulheres são menos criativas do que os homens?

Não se insulta a criadora do “Pastel de Molho” com essa pergunta.

Na Foto (de Cristina Gomes): Maria de Lourdes Modesto com a sua assistente Migalha

Quem escrever uma “Cozinha Tradicional Portuguesa” daqui a uns 40 ou 50 anos vai ter que incluir pizzas, hambúrgueres, risotos, lasanhas, foie gras e vieiras?

 Sim, sim e sim. Mas também o coulis de pepino e aquela já célebre receita do “Lombinho de azeitona em sua cama de alface”.

Gordura a mais, sal a mais, açúcar a mais…é possível cozinhar em português sem escandalizar a Organização Mundial de Saúde?

A sério, sim. A brutalidade não faz parte dos temperos da Cozinha Tradicional Portuguesa

Quando era mais nova, era costume ir a casas de petiscos?

Porquê quando era MAIS Nova? Até hoje, sem interregno, nunca deixei de engolir uma travessada de “Jaquinzinhos com arroz e pimentos”.

Quando quer perder peso, quais os alimentos que consegue evitar?

Todos, sem excepção. Até a água me engorda!!!

Há livros de cozinha a mais ou a menos em Portugal?

Pergunte à minha estante de onde lhe vem aquela curva maior do que a minha marreca.

Se pudesse escolher qualquer restaurante para ir, em Portugal ou noutro país, actual ou de épocas anteriores, qual seria?

 Se eu fosse mágica, ressuscitava o saudoso Restaurante Avis. Tenho saudades duma brigada bem enchapelada e de ouvir: D. Maria de Lourdes faz-se “axim”.

Conhece algum chefe de cozinha que aceite bem uma crítica quando vai à mesa perguntar se estava tudo bom?

Não, não e não. A culpa é sempre do cliente que não sabe que “peixe cru” é o que está a dar.

1 comment on “Menu de interrogação – 10 perguntas a Maria de Lourdes Modesto 

  1. Luís Baena

    “As good as it gets” é o titulo original de um filme que traduzido para “português de cinema” resultou em Melhor é Impossível.
    Pois bem, em boa hora resgataram esta entrevista que não precisa de mais palavras do que as que acabei de reler.
    Recordar é viver.
    Uma palavra de louvor pela intervenção da equipa do Mesa Marcada.

    Gostar

Os comentários estão fechados.

%d bloggers gostam disto: