Quando abriu na Comporta, em 2017, a Cavalariça era o oposto do típico restaurante de praia. Não era um lugar de peixe grelhado, nem de marisco para comer com o pé na areia, como (quase) todos os outros, mas sim um restaurante com uma cozinha mais urbana e contemporânea a flirtar com a comida de conforto. Os que não lhe deram muito tempo de vida enganaram-se, pois o restaurante que tem à frente o chefe Bruno Caseiro (da “escola Nuno Mendes”) não só chegou, viu e venceu como anuncia agora a extensão a Lisboa, nas proximidades do Mercado da Ribeira. Para já será uma versão “pop up”, durante quatro meses, que servirá de teste para a abertura um espaço próprio já adquirido, no Chiado, e que aguarda a aprovação do projecto.
“Quando abrimos, em 2017, tínhamos a noção que para aguentar a Cavalariça num lugar com a sazonalidade da Comporta era importante ter um segundo espaço, de preferência, em Lisboa”, começa por explicar ao Mesa Marcada, Bruno Caseiro. Porém, o tempo foi passando, o restaurante foi-se impondo, a sazonalidade tornou-se irrelevante – ainda que o Verão seja sempre mais forte – e o projecto para um segundo espaço acabou por ser adiado. “Se não fosse o covid-19 estaríamos a trabalhar sem interrupção desde abril 2019”, explica o cozinheiro.
No entanto, o sucesso não retirou a vontade de ter uma segunda operação, que na verdade, como dissemos acima, já existe. “Esta hipótese de Lisboa surgiu em 2018 quando nos vieram falar de um lugar que ficaria disponível. Esse espaço é nosso, desde há já algum tempo, contudo, está em fase complicada de licenciamento para podermos avançar com as obras”.
A possibilidade de fazerem um pop up na capital surgiu de circunstâncias relacionadas com a actual conjuntura. “Costumamos enviar três ou quatro elementos da nossa equipa para estágios no estrangeiro, o que nos alivia a estrutura de custos na época baixa. Porém, este ano, com a pandemia não quisemos fazê-lo por questões de segurança”. Foi então que começaram a estudar a hipótese de “ter algo nestes meses sem sair de Portugal”. A ideia, conta-nos Bruno Caseiro, era conseguir “um segundo ponto de facturação sem aumentar muito a estrutura e ter o nome da empresa no mercado de Lisboa”. E no actual momento complicado para a restauração não foi difícil conseguir um espaço disponível. “Infelizmente houve restaurantes que não conseguiram reabrir e pudemos encontrar um espaço que gostámos e entrar em parceria com essa empresa”, explica ainda. Esse espaço, situado próximo da Praça de S. Paulo e do Mercado da Ribeira, era onde operava o Optimista e estava praticamente apto a funcionar. Esta solução permite-lhes assim pagar o usufruto do lugar sem ter todos os custos associados à implementação de um novo espaço de raiz, como é o caso de obras, por exemplo.
A abertura está prevista para a próxima semana, dia 24 de Novembro e o “pop up” irá durar até 31 de Março. Na primeira semana estarão activos de terça a sexta-feira, já a contar com a possibilidade de o actual estado de emergência se manter. Porém, se a situação se alterar, na semana seguinte deverão mudar para o período de quarta-feira a Sábado. Com o espaço da Comporta fechado para férias, Bruno Caseiro vai poder acompanhar as primeiras semanas de abertura do restaurante de Lisboa. Depois, o chefe português dividir-se-á pelos dois espaços: durante a semana mais em Lisboa, ao fim de semana, mais no Alentejo.
O que vem do Cavalariça da Comporta e o que vai ser diferente em Lisboa?
“Partimos cheios de ideias e pensámos num mercado diferente. Porém, na segunda quinzena de Setembro e em Outubro, na Comporta, 80% dos nossos clientes eram portugueses, o inverso do habitual. Portanto foi uma preparação para o que vamos encontrar em Lisboa”, refere ainda Bruno Caseiro. Contudo, a configuração do espaço é bem diferente. Se na Comporta as mesas são normalmente familiares e é incentivada a partilha de três, quatro pratos, em Lisboa, os 25 lugares são sobretudo em mesas pequenas, o que os fez pensar numa carta com uma estrutura mais clássica, com entradas e pratos (e sobremesas) individuais e não tanto para repartir. Dada a zona onde estão (nas imediações da sede EDP, de grandes escritórios de Advogados e outros), Bruno Caseiro quer testar, também, o horário de almoço, mesmo que muita gente esteja a trabalhar de casa: “estamos a pensar ter um menu fixo de almoço, com dois, três pratos por um determinado preço, em paralelo com a carta”. Vão entrar no ex-Optimista “mantendo basicamente o espaço como está” e com ele estarão mais sete funcionários, dos quais apenas dois foram recrutados. Deste modo, com os pés assentes na terra e sem entrarem em grandes cavalgadas, o chefe do Cavalariça diz ser o suficiente para conseguirem dar, caso seja possível, “60 a 80 refeições por dia, sem problemas”.
Rua da Boavista 86, 1200-109 Lisboa. Reservas: reservaslisboa@cavalarica.com
Fotos: abertura e preparativos – Bruno Caseiro; pratos – retiradas do site do Cavalariça Comporta.
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