De Norte a Sul do país, há vontade de deitar mãos à obra, de tentar recuperar o tempo perdido nos últimos meses de confinamento, de estrear menus Primavera/Verão, com a esperança que os meses mais quentes sejam tão bons como os do ano passado, quando, mesmo já com fortes quebras no turismo estrangeiro, vários restaurantes de topo tiveram facturações muito relevantes. “Se no ano passado, quando ainda não havia sequer vacinas, estivemos quase sempre cheios, acho que agora vai ser melhor”, disse Henrique Sá Pessoa ao Mesa Marcada, do Alma (Lisboa) – um dos dez chefes ouvidos para este artigo – que marcou logo a reabertura 19 de Abril, primeiro dia em que está previsto funcionamento dos espaços interiores dos restaurantes.
Na verdade, já na segunda-feira, 5 de Abril, as esplanadas e espaços ao ar livre estão autorizados a abrir. Ricardo Costa, do The Yeatman, em Vila Nova de Gaia, está a pensar fazê-lo no espaço adjacente ao principal restaurante, com a sua magnífica vista para o Douro e o Porto (na fotografia de abertura), mas há um problema. “Parece que vai estar mau tempo, por isso, ainda vamos ver se vale a pena”, considera. Já o Orangerie, restaurante mais informal do hotel, abrirá também a 19 de Abril, enquanto o restaurante principal está previsto reabrir na primeira semana de Maio, com os seus 40 lugares e decoração renovada. “Estamos a preparar tudo, conseguimos manter a equipa e vamos apresentar novos pratos”. Quanto a clientes, Ricardo Costa acha que o mercado nacional e europeu poderá compensar a quebra de brasileiros, norte-americanos e asiáticos que, na sua opinião, deverão “demorar mais tempo a voltar a viajar para a Europa”.
Também no Algarve, há optimismo em relação à afluência de clientes. João Oliveira, chefe do Vista, na Praia da Rocha (Portimão), pretende abrir a 27 de Abril, coincidindo com a reabertura do hotel Bela Vista, onde o restaurante está instalado. “Creio que vai ser igual ou melhor do que no ano passado, onde chegámos a ter lista de espera. Foi um Inverno mais longo, mas agora vamos apostar forte”, declara. Conseguiram manter a equipa, havendo, no entanto, a registar a saída do chefe de Pastelaria, Carlos Fernandes, que enveredou por um projecto próprio.
Rui Silvestre
Ainda no Algarve, num restaurante com nome parecido – Vistas, no resort Monte Rei, em Vila Nova de Cacela – a reabertura está prevista para 6 de Maio, com um menu “completamente novo”, segundo garante o chefe Rui Silvestre, que conseguiu manter a base da equipa e pretende abrir três dias por semana uma sala para 40 pessoas. Porém, “se for como no ano passado, quando tivemos o melhor Verão de sempre, com clientes portugueses e espanhóis a representarem mais de 90% das reservas, vou ter que abrir mais dias”, prevê.
Em Lisboa, o Feitoria, de João Rodrigues, no hotel Altis Belém, é a excepção aos chefes ouvidos. Não tem ainda data marcada para a reabertura, mas acredita que será mais para o fim de Maio, início de Junho. Com os hotéis do grupo fechados e com a incerteza sobre o retorno do turismo à cidade, a prudência tem falado mais alto. “Eu estou pronto, ideias não me faltam e tenho inclusive um novo menu pensado, mas por enquanto ainda não sei quando consigo apresentá-lo, estou à espera de luz verde para avançar”. Apesar de terem perdido cerca de metade dos elementos das equipas dos vários restaurantes do grupo, a do Feitoria manteve-se. Quanto ao espaço no Mercado da Ribeira, que levava o nome do chefe, encerrou de vez.
João Rodrigues
Voltando agora à zona do Porto, o Euskalduna, de Vasco Coelho Santos, abrirá já a 19 de Abril, embora as restrições obriguem a ter só seis lugares no balcão que domina o pequeno restaurante. Mas não falta entusiasmo e optimismo, com um novo menu já idealizado e um projecto a inaugurar em Maio, uma peixaria na zona da Foz. “Fomos fazendo take-away e com o novo projecto, deu para manter toda a gente na equipa. Acho que vai correr bem”.
Ainda mais a norte, em Guimarães, António Loureiro marcou a reabertura da sua A Cozinha para 22 de Abril e está já a receber reservas de portugueses e espanhóis. “Costumávamos ter uns 40% de clientes estrangeiros e é provável que não voltem todos de uma vez, mas acho que conseguimos compensar com os mercados mais próximos”, diz. Também aqui houve condições não só de manter a equipa, como até de contratar um novo profissional. Novos menus estão pensados: “Zona 1”, só com produtos do concelho de Guimarães, “Zona 2”, com produtos num raio de 50 km, e “Zona 3”, com produtos do resto do país.
Já o Largo do Paço, no hotel Casa da Calçada, em Amarante, vai reabrir uma semana depois, a 29 de Abril, para 20 pessoas, só ao jantar, com carta nova, cinco dias por semana. Para o chefe Tiago Bonito, a expectiva é de repetir o muito bem-sucedido Verão do ano passado, não só com clientes nacionais e espanhóis, mas também com alemães e ingleses. Mas a proximidade continua a ser fundamental. “Estamos a organizar uma acção de divulgação na Galiza, no sentido de atrair mais clientes”, adianta. A equipa perdeu duas pessoas, mas uma já tornou a ser contratada e a outra está em vias disso.
Ainda a norte, em Bragança, Óscar Geadas reabre o G-Pousada logo a 19 de Abril, juntamente com o restaurante familiar Geadas e o novo Contradição, gastrobar situado no castelo da cidade. Também aqui a proximidade de Espanha é essencial. “Bragança tem a vantagem de receber gente da Galiza, mas também de Castela e Leão, ficando próxima de grandes cidades como Salamanca, Valladolid ou León. Com clientes vindos daí e muitos portugueses que nos têm vindo a conhecer e dizem que querem voltar, creio que vamos compensar a falta de turistas de outros lugares”, considera. E, para não variar, manteve-se a equipa e haverá novos pratos.
Pedro Almeida
De regresso à zona de Lisboa, Pedro Almeida, do Midori, no hotel Penha Longa, em Sintra, dá também notícias de outros restaurantes do grupo. “Estamos a prever que a 5 de Maio iremos reabrir o Midori, o Lab e o Eneko, mas já na segunda-feira, a esplanada do Arola, e, a 19 de Abril, todo o restaurante e também o Basque”, afirma. Apesar do hotel estar com boa ocupação para a época, não há grandes expectativas quanto ao regresso rápido de turistas estrangeiros, mas sim numa boa afluência de portugueses. Quanto a equipas, houve mudanças internas, com elementos a trocarem entre os restaurantes do grupo. “No Midori, vamos ter muito mais mulheres na cozinha, o que me parece extremamente positivo”, afirma Pedro Almeida.
Para terminar, voltando a Henrique Sá Pessoa, há preocupações com possíveis restrições de horários ao fim de semana e fechos às 22h, mas a verdade é que o Alma já está a receber reservas para os 28 lugares que vai disponibilizar ao almoço e jantar. “Estamos bastante motivados e com vontade de trabalhar. Perdemos alguns elementos, mas a espinha dorsal da equipa manteve-se. Tínhamos muitos clientes do Brasil e dos EUA e provavelmente eles vão demorar mais a regressar. Porém, tal como no Verão passado, acho que virão muitos portugueses e também de países próximos como Espanha, França e Itália. Mas o mais importante mesmo é que já há luz ao fundo do túnel”, conclui.
De Norte a Sul do país, há vontade de deitar mãos à obra, de tentar recuperar o tempo perdido nos últimos meses de confinamento, de estrear menus Primavera/Verão, com a esperança que os meses mais quentes sejam tão bons como os do ano passado, quando, mesmo já com fortes quebras no turismo estrangeiro, vários restaurantes de topo tiveram facturações muito relevantes. “Se no ano passado, quando ainda não havia sequer vacinas, estivemos quase sempre cheios, acho que agora vai ser melhor”, disse Henrique Sá Pessoa ao Mesa Marcada, do Alma (Lisboa) – um dos dez chefes ouvidos para este artigo – que marcou logo a reabertura 19 de Abril, primeiro dia em que está previsto funcionamento dos espaços interiores dos restaurantes.
Na verdade, já na segunda-feira, 5 de Abril, as esplanadas e espaços ao ar livre estão autorizados a abrir. Ricardo Costa, do The Yeatman, em Vila Nova de Gaia, está a pensar fazê-lo no espaço adjacente ao principal restaurante, com a sua magnífica vista para o Douro e o Porto (na fotografia de abertura), mas há um problema. “Parece que vai estar mau tempo, por isso, ainda vamos ver se vale a pena”, considera. Já o Orangerie, restaurante mais informal do hotel, abrirá também a 19 de Abril, enquanto o restaurante principal está previsto reabrir na primeira semana de Maio, com os seus 40 lugares e decoração renovada. “Estamos a preparar tudo, conseguimos manter a equipa e vamos apresentar novos pratos”. Quanto a clientes, Ricardo Costa acha que o mercado nacional e europeu poderá compensar a quebra de brasileiros, norte-americanos e asiáticos que, na sua opinião, deverão “demorar mais tempo a voltar a viajar para a Europa”.
Também no Algarve, há optimismo em relação à afluência de clientes. João Oliveira, chefe do Vista, na Praia da Rocha (Portimão), pretende abrir a 27 de Abril, coincidindo com a reabertura do hotel Bela Vista, onde o restaurante está instalado. “Creio que vai ser igual ou melhor do que no ano passado, onde chegámos a ter lista de espera. Foi um Inverno mais longo, mas agora vamos apostar forte”, declara. Conseguiram manter a equipa, havendo, no entanto, a registar a saída do chefe de Pastelaria, Carlos Fernandes, que enveredou por um projecto próprio.
Ainda no Algarve, num restaurante com nome parecido – Vistas, no resort Monte Rei, em Vila Nova de Cacela – a reabertura está prevista para 6 de Maio, com um menu “completamente novo”, segundo garante o chefe Rui Silvestre, que conseguiu manter a base da equipa e pretende abrir três dias por semana uma sala para 40 pessoas. Porém, “se for como no ano passado, quando tivemos o melhor Verão de sempre, com clientes portugueses e espanhóis a representarem mais de 90% das reservas, vou ter que abrir mais dias”, prevê.
Em Lisboa, o Feitoria, de João Rodrigues, no hotel Altis Belém, é a excepção aos chefes ouvidos. Não tem ainda data marcada para a reabertura, mas acredita que será mais para o fim de Maio, início de Junho. Com os hotéis do grupo fechados e com a incerteza sobre o retorno do turismo à cidade, a prudência tem falado mais alto. “Eu estou pronto, ideias não me faltam e tenho inclusive um novo menu pensado, mas por enquanto ainda não sei quando consigo apresentá-lo, estou à espera de luz verde para avançar”. Apesar de terem perdido cerca de metade dos elementos das equipas dos vários restaurantes do grupo, a do Feitoria manteve-se. Quanto ao espaço no Mercado da Ribeira, que levava o nome do chefe, encerrou de vez.
Voltando agora à zona do Porto, o Euskalduna, de Vasco Coelho Santos, abrirá já a 19 de Abril, embora as restrições obriguem a ter só seis lugares no balcão que domina o pequeno restaurante. Mas não falta entusiasmo e optimismo, com um novo menu já idealizado e um projecto a inaugurar em Maio, uma peixaria na zona da Foz. “Fomos fazendo take-away e com o novo projecto, deu para manter toda a gente na equipa. Acho que vai correr bem”.
Ainda mais a norte, em Guimarães, António Loureiro marcou a reabertura da sua A Cozinha para 22 de Abril e está já a receber reservas de portugueses e espanhóis. “Costumávamos ter uns 40% de clientes estrangeiros e é provável que não voltem todos de uma vez, mas acho que conseguimos compensar com os mercados mais próximos”, diz. Também aqui houve condições não só de manter a equipa, como até de contratar um novo profissional. Novos menus estão pensados: “Zona 1”, só com produtos do concelho de Guimarães, “Zona 2”, com produtos num raio de 50 km, e “Zona 3”, com produtos do resto do país.
Já o Largo do Paço, no hotel Casa da Calçada, em Amarante, vai reabrir uma semana depois, a 29 de Abril, para 20 pessoas, só ao jantar, com carta nova, cinco dias por semana. Para o chefe Tiago Bonito, a expectiva é de repetir o muito bem-sucedido Verão do ano passado, não só com clientes nacionais e espanhóis, mas também com alemães e ingleses. Mas a proximidade continua a ser fundamental. “Estamos a organizar uma acção de divulgação na Galiza, no sentido de atrair mais clientes”, adianta. A equipa perdeu duas pessoas, mas uma já tornou a ser contratada e a outra está em vias disso.
Ainda a norte, em Bragança, Óscar Geadas reabre o G-Pousada logo a 19 de Abril, juntamente com o restaurante familiar Geadas e o novo Contradição, gastrobar situado no castelo da cidade. Também aqui a proximidade de Espanha é essencial. “Bragança tem a vantagem de receber gente da Galiza, mas também de Castela e Leão, ficando próxima de grandes cidades como Salamanca, Valladolid ou León. Com clientes vindos daí e muitos portugueses que nos têm vindo a conhecer e dizem que querem voltar, creio que vamos compensar a falta de turistas de outros lugares”, considera. E, para não variar, manteve-se a equipa e haverá novos pratos.
De regresso à zona de Lisboa, Pedro Almeida, do Midori, no hotel Penha Longa, em Sintra, dá também notícias de outros restaurantes do grupo. “Estamos a prever que a 5 de Maio iremos reabrir o Midori, o Lab e o Eneko, mas já na segunda-feira, a esplanada do Arola, e, a 19 de Abril, todo o restaurante e também o Basque”, afirma. Apesar do hotel estar com boa ocupação para a época, não há grandes expectativas quanto ao regresso rápido de turistas estrangeiros, mas sim numa boa afluência de portugueses. Quanto a equipas, houve mudanças internas, com elementos a trocarem entre os restaurantes do grupo. “No Midori, vamos ter muito mais mulheres na cozinha, o que me parece extremamente positivo”, afirma Pedro Almeida.
Para terminar, voltando a Henrique Sá Pessoa, há preocupações com possíveis restrições de horários ao fim de semana e fechos às 22h, mas a verdade é que o Alma já está a receber reservas para os 28 lugares que vai disponibilizar ao almoço e jantar. “Estamos bastante motivados e com vontade de trabalhar. Perdemos alguns elementos, mas a espinha dorsal da equipa manteve-se. Tínhamos muitos clientes do Brasil e dos EUA e provavelmente eles vão demorar mais a regressar. Porém, tal como no Verão passado, acho que virão muitos portugueses e também de países próximos como Espanha, França e Itália. Mas o mais importante mesmo é que já há luz ao fundo do túnel”, conclui.
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