Notas

Há 2 novos restaurantes em Londres com 3 estrelas Michelin e ambos de mulheres

É um feito notável, ainda que não tenha sido propriamente uma grande surpresa no meio gastronómico britânico. Num ano atípico como 2020, o Guia Michelin acaba de incluir dois novos restaurantes no patamar máximo de 3 estrelas, ainda para mais, ambos liderados por mulheres. Hélène Darroze, com uma longa carreira em França e “melhor chefe mulher do mundo” pelo júri do W50Best Restaurantes, em 2014, e Claire Smyth, que já tinha conseguido o galardão máximo quando dirigia a cozinha de Gordon Ramsay, conseguiram esse feito com os seus restaurantes Hélène Darroze at the Connaugh e Core by Clare Smyth, ambos em Londres (Mayfair e Notting Hill, respectivamente). 

O anúncio foi feito ontem à noite, durante a apresentação do Guia Michelin Grã-Bretanha e Irlanda 2021, em que foram divulgados ainda os 3 restaurantes promovidos à categoria de duas estrelas, todos igualmente em Londres: A. Wong (Pimlico), de Andrew Wong, chefe que esteve numa das últimas edições do Peixe em Lisboa e que passa a ser o primeiro restaurante chinês com duas estrelas no país; Da Terra, em Bethnal Green (onde funcionou antes o Viajante de Nuno Mendes), um projecto do chefe brasileiro Rafael Cagali e do espanhol Paulo Airaudo ; e o Story de Tom Sellers, em Bermondsey.

O lançamento da nova edição do guia revelou ainda 23 novos locais com uma estrela, subindo para 185 o total de restaurantes com estrelas Michelin no Reino Unido. Porém, o que nunca é anunciado nas galas do guia são os lugares que baixam de patamar ou são excluídos. Como refere a Eater London (que menciona apenas os restaurantes da capital), “suspeitou-se que no ano da pandemia, com inúmeros desafios para a indústria da hospitalidade, rebaixamentos ou exclusões teriam sido descartados. Afinal, este ano, a própria Michelin havia falado sobre seu novo papel como ‘apoiante’ da indústria”.

Por outras palavras, o guia até pode ter sido mais tolerante, mas os inspectores não deixaram de fazer o seu trabalho. Deste modo, acabaram por retirarar uma das duas estrelas ao japonês Umu e a única que tinham o escandinavo Aquavit  e o Social Eating House, de Jason Atherton. De igual modo, deixam de constar no guia, por terem fechado, The Ledbury de Brett Graham’s, The Greenhouse; Roganic de Simon Rogan, Alyn Williams no Westbury Hotel, Texture e The Square.  

Algo de inédito também no Guia Michelin França 2021

Mas voltando ao início da notícia para acrescentar que a conquista de Hélène Darroze é ainda mais notável porque acontece duas semanas depois de ter ganho a segunda estrela em Paris, no seu restaurante Marsan. E por falar em Michelin e em Paris, aproveitamos a boleia para mencionar alguns destaques sobre a recente edição do guia vermelho em França, que saiu no meio do turbilhão dos prémios do Mesa Marcada. 

No seu país de origem, os inspectores do Guia Michelin França 2021 foram mais comedidos do que os seus colegas britânicos nos níveis superiores – talvez porque os períodos de confinamento nas principais cidades francesas foram maiores. De facto, há apenas um novo restaurante com 3 estrelas, o AM par Alexandre Mazziaem Marselha, que serve um menu, segundo os inspectores, “organizado em grandes sequências, por sua vez declinadas em pequenos pratos que permite descobrir uma identidade culinária com ecos de uma infância passada no Congo e com reminiscências de uma trepidante trajetória de vida”. 

Com duas estrelas também apenas duas novidades: o já referido Marsan, da chef Hélène Darroze e o La Merise, do chef Cédric Deckert, em Laubach, na Alsácia.

Já à entrada do Olimpo, 54 novos estabelecimentos recebem a sua primeira estrela e entre eles destaca-se o restaurante vegano ONA, da chefe autodidacta Claire Vallée, em Ares, perto de Bordéus. O ONA (que significa Origem Não Animal) é o primeiro restaurante vegano a ganhar tal distinção em França e abriu em 2016 graças a uma campanha crowdfunding e de um empréstimo de um “banco verde”. De registar ainda que o maior número de novos restaurantes com uma estrela não vir de Paris, mas sim da região Provença-Alpes-Costa Azul que conta agora com mais 12 novos lugares a esse nível. 

Ao todo, existem agora, em França, 30 restaurantes com três Estrelas Michelin (23% do total dos 130 que existem a nível mundial); 74 restaurantes com duas estrelas e 534 uma estrela. Foram ainda distinguidos 33 novos restaurantes com estrela verde, ou seja, lugares que revelam um “compromisso particularmente sustentável”. 

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